Restauração ecológica ganha destaque como vetor de desenvolvimento e conservação
A restauração ecológica é um dos pilares mais importantes para garantir a sustentabilidade dos ecossistemas e a segurança ambiental e econômica do país. Este foi o foco principal do painel “Diálogos: Restauração Ecológica e Capital Natural”, realizado nesta sexta-feira (31/10), durante a 3ª Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias, promovida pelo IBRAM, no Centro de Convenções Salvador.
O debate reuniu especialistas e lideranças ambientais para discutir os desafios e oportunidades de integrar conservação, desenvolvimento e geração de renda. A moderadora do painel e secretária-geral do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), Rosa Lemos de Sá, destacou que a restauração ecológica deve ser entendida como uma estratégia multifuncional, capaz de unir benefícios ambientais, sociais e econômicos.
Segundo a secretária-geral do Funbio, projetos que combinam conservação da natureza e produção agrícola (como sistemas agroflorestais) mostram que é possível gerar renda local e, ao mesmo tempo, recuperar paisagens degradadas. “Essas iniciativas fortalecem os corredores ecológicos e ajudam a reconectar fragmentos florestais, promovendo biodiversidade e bem-estar humano”.
O diretor de Florestas da The Nature Conservancy (TNC) Brasil e coordenador nacional do Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, Rubens Benini, enfatizou que o país precisa de mecanismos financeiros mais robustos e acessíveis para ampliar a escala das ações de restauração. “Existem recursos disponíveis, mas o desafio é fazer com que cheguem até quem está no território, especialmente pequenos produtores rurais”, explicou.
Floresta em pé como ativo
Benini observou que o tempo da restauração é diferente do tempo do investimento tradicional, exigindo paciência, planejamento e modelos de negócio que reconheçam o valor ambiental. “Hoje temos milhares de hectares restaurados, mas precisamos chegar aos milhões. Isso só acontecerá quando criarmos condições para que o produtor veja a floresta em pé como um ativo e não como um passivo”, afirmou.
Representando a GIZ (Agência de Cooperação Internacional da Alemanha), Taiguara Alencar reforçou que a restauração precisa estar integrada a políticas públicas de ordenamento territorial e uso do solo. “Não há como avançar em restauração em territórios sem ordenamento. É inviável. Precisamos pensar o planejamento fundiário e ambiental como partes de uma mesma agenda”, sugeriu.
Exemplos para o Brasil
De acordo com Alencar, a cooperação entre os setores público e privado é vital para que o país alcance escala e efetividade. Ele citou ainda que experiências internacionais podem inspirar o Brasil. “Países da América Central, como El Salvador e Panamá, conseguiram integrar políticas ambientais, agrícolas e sociais, criando resultados consistentes ao longo do tempo. No Brasil, temos todas as condições para fazer o mesmo: conhecimento técnico, capital natural e um setor privado cada vez mais engajado. O que falta é conectar os esforços e garantir estabilidade institucional”.
O coordenador-geral do MapBiomas, Tasso Azevedo, abordou a importância dos dados e do monitoramento para orientar as políticas de restauração. “Sem informação consolidada e transparente, não há como medir o avanço da restauração nem identificar as áreas prioritárias”, afirmou. Ele explicou que o mapeamento contínuo das mudanças de uso do solo tem ajudado a entender o ritmo da regeneração natural e a planejar ações mais eficientes.
Evidências e indicadores
Na visão de Azevedo, a restauração depende cada vez mais de evidências e indicadores confiáveis. “Precisamos usar dados para transformar boas intenções em políticas efetivas. O monitoramento ajuda a direcionar recursos, avaliar resultados e dar segurança aos investidores. Quando o país conhece seus números, consegue alinhar a conservação à estratégia de desenvolvimento”.
O diretor-executivo da Belterra Agroflorestas, Valmir Ortega, compartilhou a experiência prática da empresa em territórios sob intensa pressão ambiental, como o nordeste do Pará e o sul da Bahia. “Mesmo em regiões com forte presença florestal, há uma pressão crescente das novas fronteiras econômicas e agrícolas”, alertou. Segundo ele, é preciso construir modelos produtivos que conciliam conservação e competitividade. “Não basta proteger. É necessário produzir de forma regenerativa, garantindo que a floresta tenha valor econômico para quem vive nela”.
Aliado da restauração
Ortega ressaltou que a agrofloresta é uma resposta concreta para essa equação. “Quando o produtor vê resultado na terra sem precisar desmatar, ele se torna aliado da restauração. O capital natural precisa ser entendido como base da prosperidade econômica, e não como obstáculo ao desenvolvimento. Restaurar ecossistemas é investir no futuro da economia e das pessoas”, defendeu.
O painel evidenciou que a restauração ecológica vai muito além da recuperação de áreas degradadas. Trata-se de uma estratégia para equilibrar a relação entre natureza, economia e sociedade, capaz de impulsionar inovação, geração de renda e segurança ambiental. Ao fortalecer a governança e o financiamento do capital natural, o Brasil pode se consolidar como referência global em restauração e desenvolvimento sustentável.
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